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Título
Os sentidos da crise: um olhar a partir de Junho
Resumo
A política brasileira contemporânea transcorre sob o signo da crise. Analistas das mais diversas perspectivas convergem, em meio às suas muitas discordâncias, na ideia de que há algo de excepcional no horizonte do país. Periodicamente despontam declarações sobre o caráter trágico e inédito do momento, mesmo quando comparado a períodos particularmente turbulentos do passado nacional. No discurso à direita do espectro político, já surge como lugar comum a ideia de que transcorremos, senão o pior, um dos piores períodos da nossa história. Gustavo Franco, por exemplo, classifica a atual crise como “a pior dos últimos 200 anos”1. O mote não está ausente, todavia, de manifestações mais progressistas, que frequentemente expõem sua perplexidade ante a conjuntura. Bom exemplo é uma recente entrevista de Wanderley Guilherme dos Santos, na qual o decano da Ciência Política brasileira afirma não apenas desconhecer situação semelhante na história do país, mas ressalta que mesmo nas investigações de política comparada é difícil encontrar tempo de tamanha desestruturação.2 Se a doença é incontroversa, há, como é natural no mundo da política, enormes embates em torno do diagnóstico. Disputa-se não apenas o tipo da patologia, mas também suas decisivas causas.
Não faltam razões para as divergências em torno da morfologia da crise. Podemos remetê-las a distintas percepções sobre a natureza humana, o papel da política, o funcionamento do mundo econômico, as responsabilidades do Estado, o conteúdo da democracia, dentre outros vetores capazes de reconstruir a complexidade das disputas políticas contemporâneas. Este texto, nos seus evidentes limites, pretende reconstruí-las com ênfase nas interpretações sobre um evento decisivo da nossa história recente: as Jornadas de Junho de 2013.
Tipo
Estado (UF)
Autoria / participantes
Organização/Produção
Ano
2018