Março de 2015 não foi uma continuidade de junho de 2013
Resumo
Quando se trata da história do tempo presente, não encontraremos nunca interpretações definitivas, apenas explicações que diminuem as margens de erro, que reduzem os inevitáveis impressionismos, ou seja, se superam. Assim avança o conhecimento.
Uma das curiosidades dos debates provocados pelas manifestações do domingo, dia 15 de março, foi um inusitado acordo de análise entre alguns dos mais ardorosos defensores da oposição de direita e alguns dos mais inteligentes defensores críticos do governo: março de 2015 teria raízes e seria de alguma maneira uma continuidade de junho de 2013.
Mas esta análise é uma ilusão de ótica do relógio da história. Junho de 2013 foi o contrário de março de 2015. Não foi somente mais jovem e, socialmente, mais proletário. Os protestos de junho de 2013 foram em defesa de transportes, educação e saúde pública. Dia 15 de março, a maioria era de apoio a mais privatizações. A multidão pulava e gritava “nossa bandeira jamais será vermelha”.