Documento
Sobre
Título
Hegemonia em transição: um estudo histórico-político sobre o campo da esquerda no Brasil contemporâneo (2003-2018)
Resumo
Este trabalho se orientou a investigar se está em curso a conformação de uma nova hegemonia no campo da esquerda brasileira. Ao acompanhar as manifestações de junho de 2013 e seus desdobramentos imediatos observamos um crescente atrito entre os atores coletivos de esquerda, uns alinhados com o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) – como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) – e outros que se organizaram nos anos recentes para opor o projeto político moderado daquele partido – como o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Por um lado ficou mais evidente naquela ocasião o descrédito da esquerda hegemônica, centrada no PT, tanto no campo ideológico como no conjunto da sociedade – dados os limites dos governos Lula e Dilma na promoção de uma sociedade mais próspera, menos desigual e corrupta. Por outro lado a oposição de esquerda, que se fortaleceu na era petista pelo engajamento de uma nova geração de militantes, teve um papel importante na mobilização popular até o auge dos protestos de junho. Feito esse diagnóstico nos indagamos se estava a ocorrer uma mudança no equilíbrio de forças no campo, sobre a possibilidade de uma nova hegemonia, e o futuro da esquerda a partir daqueles eventos. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo com base no método historiográfico e na análise documental. Seus fundamentos teóricos se encontram majoritariamente na obra de Antonio Gramsci, da qual extraímos as categorias para o estudo de temas políticos em uma perspectiva histórica. Após um levantamento bibliográfico sobre os primórdios da Nova República, a constituição da hegemonia petista e os governos presidenciais do PT entre 2003 e 2016, dedicamo-nos a investigar os documentos e resoluções emitidos pelos atores coletivos até 2018 de modo a caracterizá-los e compreender suas conexões, afinidades e rejeições. Foram selecionadas vinte e duas organizações segundo o critério de potencial hegemônico, em poucas palavras, aquelas que tiveram parte na atual crise da esquerda e que estão envolvidas na luta pela direção do campo – em linha com nosso referencial gramsciano. Desse esforço foi possível extrair que a hegemonia petista ainda se mantém apesar de todos os revéses no período pós-2013 e da crescente atividade da oposição de esquerda. Esta última, com o protagonismo do PSOL e MTST, tornou-se mais influente e ofereceu grande contribuição para renovar, pluralizar a militância e inserir as novas gerações recentemente politizadas. Em síntese, a hegemonia no campo da esquerda ainda se encontra em disputa – sem indício da ascendência de uma direção alternativa – e seu futuro dependerá daquele conjunto de coletivos que sejam capazes de superar a fragmentação, indicar um novo horizonte estratégico e pautar a disputa na sociedade em meio a uma democracia em recessão.
Estado (UF)
Autoria / participantes
Organização/Produção
Ano
2018
Palavra-chave
Ativismo | Esquerda política | Partidos políticos | Sindicatos